Vítima de ofensas racistas deixa casa após ataque de vizinho em MG: “Eu tive que deixar minha casa, sendo que a vítima sou eu”

Vítima de ofensas racistas deixa casa após ataque de vizinho em MG: ‘Eu tive que deixar minha casa, sendo que a vítima sou eu’ — Foto: Reprodução/EPTV

Keila, uma mulher de 45 anos, deixou sua casa em Boa Esperança, MG, após sofrer ofensas racistas de um vizinho, Célio Donizeti Custódio Sobrinho, de 53 anos. Segundo o relato da vítima para a EPTV, afiliada Globo, Célio a chamou de “macaca”, “feia” e “encardida” por causa de reclamações sobre seus cães. A situação ocorreu quando outro vizinho pediu a Célio para baixar o volume do som e controlar os cachorros, resultando em ofensas direcionadas à vítima.

De acordo com o boletim de ocorrência, Célio já tinha insultado o síndico do prédio, e enviado mensagens e áudios através de aplicativos de mensagem, devido às queixas dos moradores.

“Pago meu aluguel em dia! Se você ficar incomodado com essas desgraçadas, me tira daqui, entra na justiça e me tira, tá bom? Agora não me manda mais recado que essas desgraçadas, essas feias, são duas pretas, duas pretas feias, esse povo que ninguém quer saber, preta feia, vou repetir, preta feia, preta feia, me tira daqui…”

Foto: Reprodução/EPTV

Em depoimento, Keila falou que sente que está em risco e por isso, não está mais no local do ocorrido, enquanto o criminoso está solto.

“Eu tive que sair de dentro da minha casa, porque a vítima sou eu. Eu tive que deixar minha casa, tirar minha filha dos brinquedos dela. Eu tive que sair da minha comodidade porque eu corro risco.”

Vídeo: Reprodução/EPTV

A outra moradora que sofreu as ofensas no áudio é Marluce Oliveira. Ela mora na casa do lado ao prédio.

“A gente pensa que nunca vai acontecer com a gente. A gente sempre vê na televisão. Um dia me perguntaram, você já sofreu racismo? Eu respondi não. E de repente acontece isso com uma pessoa que é vizinho. Foi muito chocante, foi muito desagradável, foi triste e a gente imaginar que isto aconteça todo dia, ne?”, disse Marluce.

A Lei Federal estipula que, quando o crime é caracterizado como racismo ou injúria racial, o preso não pode ser liberado, mesmo mediante o pagamento de fiança. A Polícia Civil afirmou que continuará com as investigações.

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